Elpídio Malaquias da Silva
Elpídio Malaquias da Silva nasceu em 1925, em uma família pobre da área rural de Cariacica. Ao longo da sua vida, foi camponês, operário, cozinheiro, pedreiro, vigilante, músico, poeta, desenhista e pintor. Nunca pôde frequentar a escola.
Em 1970, já casado e pai de família, se mudou para Vitória, cidade onde veio a falecer em 1999. Sua vida é contado em uma de suas canções: “Fui criado pelo interior/ Abandonei o cabo da enxada/ Eu trabalhava o ano inteiro/ No fim do ano não me sobrava nada/ Tem vinte anos que eu moro na cidade/ Eu ando aqui ainda desconfiado/ Eu hoje sou um galo melindroso/ Voei no galho do poavão apaixonado/ É o galo e o pavão”.
Desde criança fazia flautas com taquara e desenhava na areia com gravetos. Mais tarde, trocou as taquaras por PVC para fabricar suas flautas coloridas, e trocou a areia por papel ou eucatex e os gravetos por caneta e tinta a óleo brilhante e esmalte sintético.
Produziu sua obra entre as décadas de 1970 e 1990. Começou a pintar quando trabalhava como vigilante em uma agência de publicidade, incentivado pelos patrões. Realizou a sua primeira de várias exposições em 1977, na Galeria Homero Massena. Sua obra foi objeto de estudos acadêmicos como o de Bettina Gatti.
Muito da sua arte tem relação com a origem camponesa do artista, suas lembranças, reminiscências da infância em contato com a natureza e religiosidade católica popular. Seus desenhos e pinturas são de uma belez rústica, autêntica e original. Mediante formas simples e cores vivas, sua arte nos apresenta um mundo mágico, assemelhado às fábulas, povoado por bichos, flores, pessoas, santos, estrelas e cruzeiros. “A criação que eu vejo eu desenho. Então é da natureza, da minha natureza. Sou um inventor das minhas artes, das minhas obras” (Gatti, 2009, p.33). Em sua poesia encontramos a mesma sensibilidade das pinturas e desenhos, traduzida em versos.
As obras de Elpídio Malaquias da Silva presentes no acervo do MAES foram adquiridas pelo Instituto Sincades e doadas ao museu.
Exposições individuais
1977 - Galeria Homero Massena, Vitória, ES; Galeria de Arte e Pesquisa, Vitória, ES.
1980 - Galeria Homero Massena, Vitória, ES
1982 - Capela Santa Luzia – Galeria de Arte e Pesquisa da UFES, Vitória, ES.
1994 - Galeria Homero Massena, Vitória, ES; Espaço de Arte Codesa, Vitória, ES.
1997 - Galeria Homero Massena, Vitória, ES.
1999 Pousada Bosque da Prata, Espírito Santo (post mortem).
Exposições coletivas
1977 - Exposição com Anderson Medeiros, Galeria Atual, Rio de Janeiro.
1990 - Galeria de arte Álvaro Conde, Vitória.
1994 - Bienal Brasileira de Arte Naîf, SESC de Piracicaba, São Paulo.
1997 - Café – Aspectos artísticos, Centro de Comércio de Café, Vitória
Nos passos de Anchieta, galeria Homero Massena, Vitória
Anotações, Galeria de Arte Espaço Universitário, Vitória.
Naifs do Brasil, Espaço Cultural Angela Gomes, Vila Velha
III Seminário Internacional de Gravura – O ser Contemporâneo, Paraná
1998 - Lânguida Linguagem, Espaço Cultural Yázigi
1999 - Sedução, Galeria de arte Espaço Universitário, Vitória (post mortem)
Bibliografia
GATTI, BETTINA. “O reinado poético de Malaquias ‘o envemtor’”, Vitória: ed. Sodré, 2009.
_____. Diários: Elpídio Malaquias da Silva. Vitória: Artgraf ed., s/d.
PRIMITIVISTAS do Espírito Santo. Texto de Walmir Ayala. Vitória: Galeria de Arte Álvaro Conde, 1990.
LOUZADA, Júlio & Maria Alice. Artes Plásticas 95: seu mercado, seus leilões. São Paulo: Júlio Louzada Publicações, 1995.
Bienal Brasileira de Arte Naif. Piracicaba: Sesc, 1994
Fundação Bienal. Pasta do Artista. A Gazeta, Vitória ES: 03/12/1982
Fundação Bienal. Pasta do Artista. Jornal da Bahia, Salvador BA: 12/12/1982
Fotografia:
Tchesco Marcondes
(Francisco Marondes Oliveira Lima)
Cassia Lima
(Rita de Cassia Araujo Lima)
Texto Por:
Matheus Boni Bittencourt.
Especialista em Desenvolvimento Humano e Social