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Dionísio Del Santo

Dionísio Del Santo nasceu em 31 de janeiro 1925, no município de Colatina (ES), filho de camponeses italianos pobres. Desejando que o seu filho se tornasse um sacerdote católico, seus pais o matricularam no Seminário São Francisco de Assis, no município de Santa Teresa (ES). As leituras na biblioteca do seminário despertaram o seu interesse pelas artes plásticas. Iniciou os estudos de geometria e desenho, e passou a vender projetos arquitetônicos. Após cumprir o serviço militar em Vila Velha (ES) e publicar alguns poemas seus na imprensa local, mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ), com o intuito de prosseguir os estudos na Escola Nacional de Artes e se tornar um artista profissional. No entanto, foi impedido de se matricular por ter feito estudos em um seminário católico, ao invés de uma escola pública ou privada. Ainda assim, não desistiu de seus propósitos e se matriculou no curso livre de “teoria das cores”, ministrado por ninguém menos que Cândido Portinari, de quem o jovem artista capixaba se tornou amigo por toda a vida. Para sobreviver, trabalhou como professor no ensino básico e como desenhista em empresas de artes gráficas e publicidade. Posteriormente, matriculou-se no curso de “modelo vivo” da Associação Brasileira de Desenho. Os nus femininos que desenhou durante este curso foram expostos na sua cidade natal, Colatina, onde geraram uma reação hostil, liderada por sacerdotes católicos, que julgavam a nudez ofensiva à moral. A exposição terminou com a destruição das obras pelo público e com Dionísio sendo obrigado a fugir de volta para o Rio de Janeiro. Então prosseguiu com as suas atividades criativas, participou de várias exposições individuais e coletivas, ministrou cursos de artes e ganhou vários prêmios. Veio a falecer na capital do Espírito Santo, Vitória, no dia 20 de janeiro de 1999. Em sua homenagem, o recém aberto Museu de Arte do Espírito Santo foi batizado de “Dionísio Del Santo”.

 

Produziu pinturas, desenhos, gravuras, serigrafia e poesia. Associando geometria com figuração, a sua obra artística caracteriza-se por uma apropriação criativa dos princípios racionalistas e formalistas do movimento artístico concretista: apesar de se afastar do concretismo por “um tenso cunho dramático, ou seja, à autoexpressão”, ainda assim “os princípios teóricos do movimento concreto e neoconcreto, fundamentados no raciocínio, ou seja, na dimensão clara do pensamento, foram decisivos para a minha evolução”, escreveu o artista [1]. Utilizou-se com maestria técnica e grande originalidade do rigor formal do concretismo, mesclando-o com a sua própria sensibilidade e reminiscências da infância rústica de filho de camponeses pobres, sobretudo em suas gravuras e pinturas figurativas, “entre o anedótico de que a vida é feita e uma estrita ordem formal”[2]. Também produziu trabalhos abstratos, como pinturas e serigrafias nas quais explora diferentes efeitos visuais por meio de ilusões de ótica e combinações diversas de cor e forma, aproximando-se da arte cinética.

 

Exposições coletivas

 

1976 - IX Bienal de São Paulo.

1968 - Salão Nacional de Arte Moderna.

1970 - VII Bienal de Gravura de Tóquio (Japão).

1973 - V Salão de Arte de Belo Horizonte (MG).

1977 - Mostra Projeto Construtivo na Arte, MAM-RJ.

1980 - Galeria Gravura Brasileira, Rio de Janeiro (RJ).

1984-85 - Tradição e ruptura: Síntese da Arte Brasileira, na Fundação Bienal de São Paulo (SP).

1986 - O Rosto e a Obra, no Paço Imperial do Rio de Janeiro (RJ).

           Salão Dior de Arte Contemporânea, no Paço Imperial do Rio de Janeiro (RJ).

           Sete décadas de Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial do Rio de Janeiro (RJ).

1988 - Abstração Geométrica II – Projeto Arte Brasileira, Galeria Funarte, Rio de Janeiro (RJ).

           Sala Especial na VIII Mostra de Gravura da Cidade de Curitiba (PR).

1992 - Gravura de Arte no Brasil, no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), com apresentação de Fernando Cocchiarale. 

1994 - Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal de São Paulo (SP).

1995 - Impressões Cariocas, MAM-RJ.

  Poética da Resistência, Galeria SESI, São Paulo (SP).

1996 -  Quatro Mestres da Gravura Brasileira, Galeria SESC Tijuca (RJ).

1998 - Os Colecionadores Guita e José Mindim: Matrizes e Gravuras, Centro Cultural Fiesp, São Paulo (SP).

2008 - Mostra 1+7, Museu da Vale, Vila Velha (ES).

 

Exposições individuais

 

1949 - Clube Recreativo Colatinense, Colatina-ES.

1965 - Galeria Relevo – Rio de Janeiro (RJ), apresentação de Edyla Mangabeira Unger.

1970 - Individual na Galeria IBEU (RJ), com apresentação de Mário Pedrosa.

1973 - MAM-RJ.

1974 - Galeria Bolsa de Arte (RJ), apresentação de Frederico Morais.

1975 - Fundação Cultural do Distrito Federal (Brasília).

           Contorno Galeria de Arte (SP).

1976 - Museu Nacional de Belas Artes (RJ).

           Centro Cultural Paschoal Carlos Magno em Niterói (RJ).

           Galeria de Arte e Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória (ES).

1978 - Galeria IBEU, Rio de Janeiro (RJ).

1980 - Galeria Saramenha – Rio de Janeiro (RJ).

           Galeria Trópico Arte e Lazer, Vitória (ES).

           Galeria Rastro, São Paulo (SP).

1984 - Galeria Olívia Kann, Rio de Janeiro (RJ).

1985 - Galeria SESC Tijuca, Rio de Janeiro (RJ).

1986 - Petite Galerie, Rio de Janeiro (RJ), com apresentação de Frederico Moraes.

1987 - Galeria Paulo Figueiredo, São Paulo (SP), com apresentação de Olívio Tavares de Araújo.

1989 - Retrospectiva no Paço Imperial do Rio de Janeiro (RJ), com apresentação de Reynaldo Roels Jr.

1990 - Retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo (SP), com curadoria e texto de Reynaldo Roels Jr.

1991 - MAM-RJ.

1992 - Centro Cultural de Curitiba (PR, com apresentação de Fábio Settimi.

1993 - Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro (RJ).

1998 - Museu de Arte do Espírito Santo (MAES), Vitória (ES).

1999 - Solar Grandjean de Montigny, no Centro Cultural da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

2004 - Museu de Arte do Espírito Santo, Vitória (ES).

2008 - “Dionísio Del Santo: um concretista marginal ou injustamente esquecido?”, no Museu de Arte do Espírito Santo.

 

Prêmios

 

1967 - Itamaraty (Aquisição), na IX Bienal de São Paulo.

1968 - Isenção do Júri, no Salão Nacional de Belas Artes.

1973 - Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (Aquisição), no V Salão de Arte.

1975 - Melhor exposição de gravura do ano, da Associação Paulista de Críticos de Arte.

1981 - Destaque Hilton de Gravura.

 

Atividades didáticas

 

Debate “O fragmento e o todo”, com Lygia Pape, Katie Van Schepenberg, Ricardo Basbaum e Freda Cavaltanti Jardim, no V Festival de Verão de Nova Almeida (ES – 1993).

Professor de gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), na Escola de Artes Visuais de Parque Lage (RJ), no Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo e no Festival de Verão de Nova Almeida.

 

 

_________________________

[1] DEL SANTO, Dionísio. Minha relação com a arte concreta e neoconcreta (1976). In: LOPES, Almerinda. Dionísio Del Santo. Vitória: Artviva, 2008, p. 93

[2] PEDROSA, Mário. Dionísio Del Santo (1970). In: LOPES, Almerinda. Dionísio Del Santo. Vitória: Artviva, 2008, p. 93.

 

 

por Matheus Boni Bittencourt

Especialista em Desenvolvimento Humano e Social

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