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Enéas Valle

 

Nasceu em Manaus, no dia 12 de junho de 1951. Mudou-se para Brasília para fazer os estudos superiores em 1968, e lá graduou-se em matemática, no ano de 1973. A seguir mudou-se para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu os estudos no mestrado do Instituto de Matemática Pura (Impa). Fez militância política nos anos 1970 e acabou preso por agentes da repressão, mas foi solto mediante habeas corpus junto à Justiça Militar. Depois, estudou artes por 6 meses com Abelardo Zaluar e Bruno Tausz. Em 25 de setembro 1974 realizou a “performance supysáusa”, tirando a roupa e caminhando pelas ruas de Copacabana com uma flecha indígena nas mãos. Acabou preso novamente e internado em um manicômio. Depois de liberado, prosseguiu os estudos em matemática. Concluiu o mestrado e realizou suas primeiras exposições de arte.  Como bolsista do serviço alemão de intercâmbio acadêmico foi para Frankfurt onde cursou o doutorado em matemática, o bacharelado em artes plásticas e se casou. Em 1980, de volta ao Brasil, intensificou sua atividade artística, com inúmeras exposições. Retornou à Alemanha entre 1987 e 1992, onde trabalhou como professor e analista de sistemas. Retornou ao Rio de Janeiro e retomou a atividade artística, tornando-se professor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 2001 doutorou-se em Comunicação e Cultura com a tese “Pintura e midiologia: o corte gráfico e a visualidade no século XX”.[1]

 

A pintura do artista é caracterizada pela combinação de cores vivas e neutras, sobreposição de cenas e predominância de figuras humanas (sem prejuízo para algumas obras abstratas), muitas vezes por meio de colagens de jornais e pinturas. Suas esculturas utilizam montagens, muitas vezes abstratas, a partir de objetos técnicos, lúdicos e decorativos de uso cotidiano. Alguns críticos o classificam como um neoexpressionista. Ele mesmo se autodenominou “curvista”.[2]

 

Segundo Fernando Cocchiarale, “as pinturas, desenhos e objetos de Enéas, salvo exceções como as Serps, tratam de um mesmo e único tema: o corpo humano. Esse interesse permanente pode ser em parte explicado pela compreensão radical do significado político do corpo, desde a gênese de seu trabalho como artista, na década de 80”.[3]

 

Segundo Gerd Bornheim, “há um tema que sobressai com insistência e permite ver no movimento o determinador comum da arte de Enéas Valle: sempre o movimento, por tudo, a ponto de se poder asseverar que para nosso artista, o mundo é movimento em seu ser mesmo”.[4]

 

Por Matheus Boni Bittencourt,

Especialista em Desenvolvimento Humano e Social

 

 

 

[1] COCCHIARALE, Fernando (org). Tempo-cor: Enéas Valle. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 2002; São Paulo: Instituto Tomie Ohtake, 2003.

 

[2] Op. Cit, p. 34.

 

[3] Op. Cit., p. 32.

 

[4] Op. Cit., p. 103.

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